quarta-feira, 31 de julho de 2013

ASAS DO SONHO


Que a leveza das asas consiga sempre superar a aspereza das rochas. Que haja sonho para cada pedra no caminho. 

BORBOLETAS DE CRISTAL


De repente, você abre uma gaveta da memória e de lá saem borboletas de cristal. Elas são belas e só causam sorrisos. Quebram-se em pleno voo como frágeis fantasias. Poeira de diamante completa o chão de estrelas. 

PALAVRAS


As palavras não precisam ser perfeitas. |Nem sempre seguirão as leis. Da gramática ou da vida, às vezes, se esquivarão No entanto, nelas reside o mágico instante, a poderosa anarquia dos dias vividos. 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

CANSAÇO BOM















O cansaço era mais benção do que peso. Mais 

recompensa do que castigo. Um mar de sentimentos, 

de boas intenções, invadindo praia e semana.

Calendário riscado, datas marcadas com batom. E 

ainda era cansaço, noite, cama, calma. 

quarta-feira, 24 de julho de 2013

TEMPO PRESENTE


Não argumento com o tempo. Ele mal me ouve, mas me marca. De diversas formas, em várias profundidades. Passado e sempre presente. Aguardo o momento certo para desembrulhá-lo. Com calma, desfazendo camadas de papel de seda, desatando nós, aproximando mãos e sentimentos. Falta muito, Tempo?

quinta-feira, 18 de julho de 2013

SEM FÓRMULA


Trocar as notas, apressar o andamento, desfazer as quiálteras. O silêncio pendura-se nas pausas. O instante de um solfejo que termina em soluço. Compasso tem fórmula. A vida não. 

ESFINGE


Escolho os dias para contar os momentos em segredo. Tenho todos os enigmas de que preciso. Decifrá-los já não me assusta. O mistério deita sob as cobertas do tempo. Serei eu a própria esfinge? 

O INCONSTANTE


Gosto do inconstante. De não ter muito mais o que esperar do conhecido e seguro. De romper com a sequência estabelecida. De revirar o programado. De me olhar no espelho e só enxergar a mudança como constante companheira. 

PLANO B


Há um plano B. Tenho certeza de que ele existe. Estava aqui,bem aqui, no meio da papelada. Um pouco amassado pelo tempo e descaso, mas estava aqui.Manchado pelas intenções acumuladas, pelo medo descoberto, pela ignorância do futuro. Alguém mexeu em tudo e o escondeu de mim. Terá sido o plano A?

domingo, 14 de julho de 2013

CONVITE IMAGINÁRIO


Vamos logo, Imaginação, esparrame-se pelo dia. Cedo espaço, tempo e coração para que se sinta mais confortável por aqui. Sei que vai bagunçar tudo: mexer nas gavetas das ilusões, desenrolar meadas de sonhos, picotar razões e soprar os pedaços para o nunca mais. Mesmo assim, Imaginação, terei prazer em lhe hospedar porque brigar com você é tolice vã. 

À BEIRA


Agonia despertada. Presença confirmada. Sensação compartilhada. Traços riscados e depositados em papel alheio. Posso ir agora? Posso deixar o abismo brincar sozinho?  

sexta-feira, 12 de julho de 2013

FÔLEGO


Há urgência no ar. Golfadas de lugares futuros. Intuição saindo da garrafa do gênio. Muito fôlego para tomar. Pouco tempo para domar.  

APENAS EU


Quando a acusaram de insana lua cheia, ela disse: sou filha de minha mãe. 
Quando mais tarde, a cobriram de críticas pela sua aparente frieza, ela assim destacou: sou tão filha de meu pai!
Quando, enfim, a apontaram como vilã maldita, ladra de cores vãs, ela nada fez a não ser cruzar os braços e suspirar: sou apenas eu.

TECER ESTRELAS



Seria mais sensato parar de produzir imagens, poesias e sonhos. Seria mais fácil, menos perigoso, aceitável até. Seria desfiar até o fim o tapete das ilusões para dele tecer agasalho. Seria como reunir estrelas e aprisiona-las na realidade para obter um pouco de luz. E seria deserto, muito mais cinza, chumbo e chatice.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

ESCADA


Descalça, subiu a escada. Degrau por degrau. Carregava somente uma certeza: a descida.  

PARTIDA SEM CHEGADA


O mais triste de tudo 
é ter que se despedir antes de se apresentar.  

QUERER SEM FUGA


Se preciso for, adio minhas intenções. Permanecerei inerte enquanto descubro rotas de fuga. Noite coberta, perfeita camuflagem. No silêncio, nasce mais um querer. Entre descoberta e surpresa, respostas me vêm. Sim, eu quero. Só não grito para não espantar os sonhos.

domingo, 7 de julho de 2013

ECOS


O abismo existe. Coexiste. Insiste em se fazer presente no seu vazio cheio de ecos. O nada habita ali. Pleno, saciado no seu desejo de pausas.  

ABISMO

Eu estava disposta a esquecer, a empurrar tudo para a beira do abismo e deixar despencar ilusão e esperança. Estava tramando planos e conspirações só para definir o fim. Mas o fim não existe. O fim não acontece em mim. O ciclo mantém-se em movimento, intocável como promessa e inviolável como desejo.  

sábado, 6 de julho de 2013

AOS PEDAÇOS

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Dedico pedaços. Ofereço fatias decompostas, nesgas sangrentas de verdades. Exponho cortes enumerados de dores. Ainda há alegria no raso para que a cobertura não se parta. Se afundar faca e sentimento, encontrará o melhor e o pior também. Se alimentará do improvável e conhecerá o meu impreciso gosto.   

ADIVINHA QUEM É


Espero que o destino retire logo as mãos dos meus olhos e pare de tentar me fazer adivinhar quem é. Não sei mesmo. 

MUDANÇAS


Vai mudar. Tudo. De novo. Já se estende o tapete gasto do recomeço. O leque das possibilidades abre-se novamente. Leve farfalhar dos vestidos rasgados em seda. Os passos apressados do destino não querendo ser pego. Espreita o que parece certo e imutável. Nada o é, nada o será. Muda, transforma, deixa acontecer.   

COSTUME


A gente se acostuma. Procura um canto mais confortável da dor ou do tédio. Senta-se em determinado ponto seguro. Como se na vida houvesse, de fato, algo seguro. O vazio torna-se o todo. Quando vê, já se tornou cola nos pés, peso nos sonhos, areia nos planos. As palavras são repetidas, os ecos aguardados, o silêncio adormecido. Acostuma-se a tudo. Ao que nem deveria existir. Ao nada. A si mesmo.    

CICATRIZES


Ninguém nota. Cicatrização quase perfeita. Mas está lá. Quando passa a mão, sente uma leve depressão. Passado vivido, marcado na pele. Às vezes, é vazio de novas ilusões. Às vezes, é a razão de novas forças. Está lá, estigma e medalha. Crime e recompensa.   23/04

ALGEMAS


Não visto a culpa porque dela não me aproprio. Nada fiz para que o estranho a mim se opusesse. Nada quis em nome desse poder. Se algemas mereço é por ceder à inocência, por acreditar em veladas felicidades.   

TEMPO CRISTALIZADO


O tempo foi pouco. Não haveria mesmo dimensão suficiente. O pouco é precioso. Raro extrato armazenado em delicados cristais na memória. Simples, doce, em risos multiplicados, o momento se fez. Luz que atravessa os olhos que preferem sorrir e esperar mais um pouquinho, mas sempre mais.

DESTINO IGNORADO

Não é que eu não perceba. Percebo, arquivo e ignoro. Às vezes, rasgo, deleto, queimo. Depende do material humano envolvido.    

VERMELHO


Às vezes, a paz é vermelha. Nem sempre o tom esperado preenche as lacunas dos conflitos. Riscos, rabiscos, um laço desfeito, o momento perfeito. Vinho ofertado no lugar do sangue derramado, em tons rubros espessos, dispersos. A hora é essa. Toda em vermelho. 

ENTRE PAPÉIS


Quando a tinta seca na ponta da pena, as palavras desaparecem entre os papéis. Qual deles será o meu? Principal ou de apoio? Heroína ou vilã? Protagonista ou substituta? Papel de parede descascando no descaso

DIVIDE A CONTA?


Se eu te prometer seguir o mesmo caminho, dividiremos as despesas do destino? A quem caberá os juros da aventura? Calcule o quanto vale a minha boa vontade e faça o orçamento de todos os riscos.  

ESPERA


Se eu provar que a espera me fere, encontrarei compreensão nos desesperados? Talvez, esperar não fira. Só arranhe lentamente com o prazer sádico do tempo. Então, eu paro, olho, congelo como inverno antecipado. Por dentro, lava incandescente. Por fora, o olhar de mil viagens perdidas.

SIMPLES


Quero a vida simples assim como um pôr de sol. Sem ter que abrir as cortinas, sem precisar ajustar a iluminação, sem contar com os aplausos. E saber que vai acontecer de novo amanhã.

DIA AZUL


Encontros. Desencontros. O vazio e o pleno intercalam-se como teclas de piano. A música se faz ouvir do conjunto de pausas e notas. Tudo é yin e yang, preto e branco, amores e hematomas. O que for, tudo se complementa em um momento. Mas, hoje, minha alma vestiu azul e só combina com você.  

CRIAR


Companhia ingrata! Acompanhar um ser no momento de criação. A inspiração surge tão impiedosa e solitária, abrindo espaço como invasora antissocial. Não há parceria de olhares, troca de vontades, alternativas para a agonia incessante de produzir. A arte posta à prova, em pedaços embebidos de placenta, ora iceberg, ora lava. E o outro, empurrado às margens, deslocado nessa catarse imperiosa. Esperando voltar para o artista, que se desdobra em humores e cores. Aguarda o suspiro de alívio e o sorriso da conquista. Só então confirma sua presença. Antes disso, aproximar-se seria esporte radical sem direito a travas ou redes de segurança.